Friday, June 15, 2007

Razão Vs Coração


R – Porque choras? Não te vejo assim há muito tempo


C – Pois não, há mais de 3 anos… deixei-me iludir mais uma vez!


R – E porque é que te deixaste iludir? Avisei-te para não te envolveres demasiado com ninguém…

C – Eu sei, fartaste-te de me avisar. Sabes melhor do que eu que segui o teu conselho… até agora. Por isso estás aqui…

R – E o que tinha este de especial para te deixares envolver?

C – Nem eu sei… acho que há coisas que simplesmente não dão para explicar.


R – Tenta…


C – Hmm… Passamos o dia juntos, trabalhamos no mesmo local…

R – Jamais te deixaria envolver com alguém por causa disso.

C – Pois, tens razão… como sempre. Mas eu sei que não foi por causa disso, mas deve ter ajudado… Entretanto senti que estávamos muito cúmplices e parecia que para ele essa cumplicidade não chegava.

R – Para ele? Para ti não? Desculpa a pergunta, mas costumo ver-te como sedutora e não como seduzida…

C – Não senti que estivesse ali um jogo de sedução da parte dele. Achei-o tão melhor que os outros, atinado…o tipo de homem que eu não costumo gostar. Por isso, quando ele tentava aproximar-se mais, eu ía obedecendo ás tuas regras…afastava-me.

R – Tem sido essa a minha luta contigo, fazer-te ver quem merece a pena.

C – Mas eu nunca te deixo ganhar… nunca consegui gostar assim…

R – Ai, não? Então, e este, como foi?


C – Este…fui conhecendo melhor a peça… complicado da cabeça, passado conturbado que me foi fascinando…até ao dia que senti ciúmes da ex …que estava de volta. Senti que o ía perder…


R – Ou seja, gostaste de tudo aquilo que eu te digo para te afastares. Mais uma vez envolveste-te com alguém que eu jamais aprovaria. Viraste o jogo, não foi? Quando sentiste o perigo, entraste em campo…não ias perder sem jogar. Conheço-te bem…


C – Entrei…Mas não foi jogo de sedução. Estava mesmo a gostar dele, não foi pelo prazer de conseguir seduzi-lo. Sentia-me muito bem com ele, e achava que era comigo que ele se sentia melhor.


R – O que mudou então?

C – Ele mudou…ele muda constantemente…entrou no jogo, mas só porque eu me pus a jeito. Chegou a dizer que se calhar tinha medo de se envolver comigo porque não sabia o que sentia por ele. Bluff…

R – E tu disseste-lhe! Burra, como sempre… não estavas mesmo a jogar. Se estavas, não era para ganhar, de certeza.

C – Só tu consegues jogar para ganhar quando se trata de pura sedução. Não era o caso. E eu a isto não sei jogar.

R – Mas o que era, afinal? Paixão?

C – Não, isso eu também sei que não era… Não me perguntes mais nada, não te saberia responder…

R – Não sabes ou não queres admitir?!

C – Prefiro não pensar nisso agora. Tu é que gostas de pensar, analisar…Já deves ter uma ideia.

R – Tenho… Não te esqueças que estou sempre por perto a ver os teus movimentos… não confio neles… tento sempre evitar o pior. Mas desta vez, foste-me bloqueando. Tinhas sempre algum argumento contra mim. Nunca quiseste a minha opinião, e mesmo agora não a queres. Queres encontrar uma solução… uma ajuda racional.


C – Quero, sinto que bati no fundo, cheguei ao meu limite. Sinto-me usada, desgastada…como se ele fosse um vampiro a quem permiti que me fosse sugando o sangue. Sinto-me cansada, desiludida. Desiludida comigo por me ter enganado tanto. Por ter acreditado em mim…